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Hospice

O que é um Hospice e qual a importância?

O movimento hospice é um movimento social voltado para a assistência de pacientes com doenças avançadas e terminais. Nascido no final da década de 1960, na Inglaterra, alberga dois amplos programas: os cuidados paliativos e o cuidado hospice, este último praticado em locais especialmente construídos para receber pacientes que irão morrer em um tempo não muito distante, conhecidos como hospices (Verderber, Refuerzo, 2006; Du Boulay, Rankin, 2007).

No Brasil, foi em 1944 que surgiu, conforme registros disponíveis, aquele que pode ser considerado o primeiro hospice – conhecido como Asilo da Penha – e que teve, por alguns anos, importante papel na assistência aos pobres que morriam de câncer. Porém só a partir de meados da década de 1990 o movimento hospice começa a ganhar maior visibilidade, a despeito de algumas iniciativas isoladas.

Apesar de não existirem muitos estudos históricos sobre os hospices, eles tinham algumas características em comum, como a forte ênfase religiosa (católica, anglicana, metodista), que orientava os tipos de cuidados espirituais que se julgavam necessários. Consequência direta disso é que tais cuidados tinham como objetivo oferecer uma morte em paz e com conforto, o que é indicado claramente pelo termo alemão utilizado em determinados hospicesFriedenheim, que significa, literalmente, ‘casa da paz’ (Goldin, 1981; Humphreys, 2001; Wislow, Clark, 2006).

Os hospices surgiram há muitos séculos na Europa, e eram dirigidos por religiosos cristãos, e tinham esse caráter de acolhimento ao viajante, que lá recuperava suas forças para seguir adiante em sua jornada (Saunders, 2005). Dessa época, permaneceu no moderno movimento a palavra hospice, que incorpora em sua missão esse caráter acolhedor e a noção, bastante difundida, da doença como uma jornada a ser percorrida pelo paciente e por sua família ou cuidador (Thomas, Morris, Harman, 2002; Thomas, Morris, 2002), estando presente, indiretamente, também no nome do St. Christopher’s Hospice, marco inicial do movimento, visto que São Cristóvão é conhecido como o padroeiro dos viajantes.

É importante assinalar, também, que os desafios decorrentes do envelhecimento populacional global, associado ao aumento das doenças crônico-degenerativas – com todas as consequências a eles associados – são, sem sombra de dúvidas, alavancas para a maior visibilidade do movimento hospice no cenário mundial (Davies, 2004; Davies, Higginson, 2004a). Nesse sentido, a relevância dos cuidados paliativos e do cuidado hospice e o papel que podem desempenhar no sistema de saúde conferem-lhes a posição de direito inalienável de todos os seres humanos, independentemente de etnia, credo, gênero. 

De acordo com registros, os hospices no Brasil, embora ainda em fase de desenvolvimento quando comparados a países como os Estados Unidos e o Reino Unido, têm demonstrado um papel essencial na oferta de cuidados paliativos voltados para pacientes em estágio avançado de doenças graves, mesmo que ainda não existam políticas públicas específicas para implantação de Hospices.   

Hospice da CUIDATIVA

Além do Centro Dia que já está em funcionamento há quase 10 anos, a CUIDATIVA está construindo um Hospice – hospital de cuidados paliativos, que terá 20 leitos de internação e funcionamento em tempo integral, para minimizar sofrimentos físicos, emocionais, sociais e espirituais de pessoas com doenças graves em finitude da vida. No Hospice da CUIDATIVA também terá espaços de convivência, salas de avaliação, consultas e procedimentos, espaço ecumênico, contato com a natureza na mata sensorial CUIDATIVA . Pacientes e familiares também poderão usufruir das atividades do centro dia da CUIDATIVA , contíguo ao Hospice.

O prédio em construção do Hospice da CUIDATIVA , está localizado contíguo ao centro dia da CUIDATIVA (nos fundos) e possui cerca de 1.800 m2 de área distribuídos em  3 pavimentos. Terá 20 leitos de internação, sala de convivência, espaço ecumênico, cozinha coletiva para atendimento de desejos, salas de acolhimento e reunião familiar, salas de procedimentos e consultas com equipe interprofissional, área ao ar livre, junto a mata sensorial e bosque da CUIDATIVA .

O serviço irá funcionar 24h por dia com equipe com qualificação em cuidados paliativos nas áreas de medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física, odontologia, capelania e terapias complementares (PICS). Além disso, os pacientes e familiares poderão usufruir das atividades do centro dia da CUIDATIVA . E, ainda contará com espaços de formação em saúde na graduação e residências médica  e multiprofissional. Os diferenciais serão os serviços oferecidos, equipe multidisciplinar, acolhimento familiar e por consequência a qualidade de vida proporcionada e a  humanização dos cuidados.

Atualmente, em função da falta de recursos, a obra do Hospice está paralisada, faltando cerca de 20% para a sua conclusão. A fim de buscar impulsionar e agilizar a continuidade da obra, a CUIDATIVA vem realizando a mobilização da sociedade local, regional e nacional para captar os recursos financeiros que faltam, cerca de 4 milhões de reais. As doações de pessoas físicas e jurídicas poderão ser realizadas para a conta criada junto a Fundação de Apoio da UFPel, que será responsável pela contratação da empresa que irá executar a continuidade e conclusão das obras do Hospice da CUIDATIVA

Confira aqui algumas imagens do lançamento da Campanha pela reativação das obras do Hospice:

Veja um breve relato informal e afetuoso da necessidade de um Hospice na CUIDATIVA :

Na CUIDATIVA , temos muitas pessoas que são cuidadas ao longo da trajetória das suas doenças, porém, quando ocorre agravamentos ou intercorrências, com necessidade de internação e cuidados mais intensivos, 24h por dia, os pacientes precisam ser encaminhados para outros serviços que não são adequados para realizar cuidados paliativos e garantir alívio do sofrimento, muitas vezes macas em pronto socorro é o que lhes resta. 

Muitos pacientes e familiares da CUIDATIVA relataram, e relatam, que “se tivesse como internar na CUIDATIVA quando a doença avançasse seria muito melhor para todos, pois existe um grande temor de perder o vínculo quando da necessidade de internação longe da CUIDATIVA ”. Para exemplificar temos uma paciente com Doença de Parkinson avançado, que tem apresentado grande dificuldade de se deslocar para a CUIDATIVA em função do agravamento da doença e dificuldade de conseguir cuidador permanentemente, a mesma manifesta que “se tivesse um quarto na CUIDATIVA pegaria suas malas e se mudaria para lá” para poder receber os cuidados necessários de dia e também de noite. 

São muitos os casos que poderiam se beneficiar com o hospice da CUIDATIVA , na perspectiva da continuidade dos cuidados. Recentemente tivemos o caso de um paciente com câncer avançado e múltiplas metástases, que lhe causavam sofrimento por dor, que foi controlada com medicamentos prescritos na CUIDATIVA , incluindo morfina, em algumas ocasiões que necessitou de cuidados 24h no hospital da sua cidade foi recomendada a suspensão da medicação para dor ou substituição por outra menos eficaz, este paciente entrava em pânico cada vez que tinha que internar e sempre perguntava se não tinha como internar na CUIDATIVA .